Porquê meditação Chan? O que começou por ser uma curiosidade, acabou por ficar integrado na minha rotina diária, tal como tomar um banho.
Confesso que às vezes na versão duche rápido, outras vezes em modo banho de imersão. Os benefícios passam por um lado tão prático como aumento da concentração e produtividade no trabalho, à tão desejada serenidade num mundo onde me sinto constantemente a afundar em estímulos e informação.
Como investigadora numa universidade fui treinada para acreditar em resultados comprovados cientificamente. Admitido que o aumento do interesse sobre a meditação pela comunidade científica me entusiasma e acredito que não há como negar o seu potencial.
O que encontrei ao praticar a meditação Chan foram resultados bem concretos, principalmente no autocontrolo. O desafio constante de uma monkey mind. Pensamentos aos pulos e a dificultar o foco numa determinada tarefa, ou absorvida por problemas vulgares, sem conseguir sair do loop.
Estes têm agora uma dimensão e relevância muito diferente, e limitada, no meu dia-a-dia. Sim, o controle da mente pode ser a minha principal motivação para praticar meditação. E não, não foi constante ao longo destes 8 anos que já passaram desde que descobri o grupo “Meditar Lisboa”.
Não encontro melhor analogia que a prática de exercício físico. Como os períodos em que me inscrevo no ginásio e sigo fielmente o treino, há períodos de grande progresso, a contrastar com períodos de estagnação. Também algumas interrupções justificadas com “ando mesmo ocupada, por isso agora não me posso dar ao luxo de parar para meditar”, ou “estou numa fase tão tranquila, porquê meditar?”, etc, etc.
Os retiros são sempre pontos de viragem. São oportunidades de entrar numa imersão total, seguir a orientação de monges budistas e viver momentos de partilha com pessoas com as mais variadas experiências… E o que acho sempre curioso é ver que o progresso pode até não ser claro durante o próprio retiro, mas sim, revelar-se no quotidiano.
Ao retomar a rotina, deixa-me agradavelmente surpreendida, ver que manifesto uma maior tolerância, empatia, resiliência nos vários contextos (relacionamentos, carreira, etc).
Bom, foi longo o percurso: Desde o ceticismo inicial pelo budismo, que na verdade não me impediu de progredir durante anos, até ser também incorporado na minha prática. E agora? A verdade é que neste tipo de meditação, a motivação não é só para continuar a praticar. O desafio é que há sempre uma grande margem para melhorar…